Noções sobre a vinha e o vinho em Portugal

de Ceferino Carrera


Vinhos Regionais - Vinho Regional Estremadura


Pequenos retalhos históricos desta Região

A Estremadura é uma antiga comarca portuguesa estabelecida na Idade Média e extinta no século XIX, devendo o seu nome derivar do latim Extrema Durii (extremos do Douro), por designar os territórios adquiridos, na sequência da Reconquista cristã, para Sul do Douro (tal é, de resto, também a origem etimológica do nome da região espanhola da Estremadura); com a progressão da reconquista para Sul, a noção de Estremadura, como terra de fronteira, foi também alargando-se, de tal forma que, no século XV, a Estremadura correspondia, grosso modo, aos modernos distritos de Aveiro, Coimbra, Leiria, Lisboa, Santarém e Setúbal. Ao longo da história os limites da Estremadura foram muitas vezes alterados; quando foi extinta, no século XIX, os seus limites correspondiam, grosso modo, aos actuais distritos de Lisboa, Leiria e Santarém.

Nova Província da Estremadura (1936)

Na reforma administrativa havida em 1936 foi novamente criada uma Província (ou região natural) da Estremadura. Esta nova província, contudo, englobava apenas uma fracção do território da antiga comarca homónima. Parte do território da antiga Estremadura ficou incorporada nas novas províncias do Ribatejo e Beira Litoral. Por outro lado, a nova Estremadura incluiu parte do actual Distrito de Setúbal que tradicionalmente pertencia à antiga província do Alentejo.

No entanto, as províncias de 1936 não tiveram praticamente qualquer atribuição prática, e desapareceram do vocabulário administrativo (ainda que não do vocabulário quotidiano dos portugueses) com a entrada em vigor da Constituição de 1976.

Fazia fronteira a Nordeste com a Beira Litoral, a Este com o Ribatejo e o Alto Alentejo, a Sul com o Baixo Alentejo e o Oceano Atlântico e a Oeste também com o Atlântico.

Era então constituída por 29 concelhos, integrando a quase totalidade do Distrito de Lisboa e partes dos distritos de Leiria e Setúbal. Tinha a sua sede na cidade de Lisboa.

Fazia fronteira a Nordeste com a Beira Litoral, a Este com o Ribatejo e o Alto Alentejo, a Sul com o Baixo Alentejo e o Oceano Atlântico e a Oeste também com o Atlântico.

Era então constituída por 29 concelhos, integrando a quase totalidade do Distrito de Lisboa e partes dos distritos de Leiria e Setúbal. Tinha a sua sede na cidade de Lisboa.

Distrito de Leiria: Alcobaça, Bombarral, Caldas da Rainha, Marinha Grande, Nazaré, Óbidos, Peniche, Porto de Mós.

Distrito de Lisboa: Alenquer, Arruda dos Vinhos, Cadaval, Cascais, Lisboa, Loures, Lourinhã, Mafra, Oeiras, Sintra, Sobral de Monte Agraço, Torres Vedras.

Distrito de Setúbal: Alcochete, Almada, Barreiro, Moita, Montijo, Palmela, Seixal, Sesimbra, Setúbal.

Se ainda hoje a província em causa existisse, contaria provavelmente com 31 municípios, posto que foram entretanto criados dois novos concelhos, na área do distrito de Lisboa:

  • Amadora (criado em 1979, por divisão de Oeiras)
  • Odivelas (criado em 1997, por divisão de Loures)

Presentemente, a província em causa achar-se-ia repartida pelas regiões de Lisboa, Centro e Alentejo. Ao Alentejo pertenceria o município da Azambuja, integrado na sub-região da Lezíria do Tejo; à região de Lisboa pertencia a totalidade da sub-região da Península de Setúbal e, quase totalmente, a Grande Lisboa (o concelho de Vila Franca de Xira encontrava-se no Ribatejo); enfim, à região Centro pertencia a totalidade da sub-região do Oeste, e ainda dois municípios do Pinhal Litoral (Marinha Grande e Porto de Mós).

Esta região é, a nível nacional, a região com maior produção de vinho e área de vinha. O relevo, não muito elevado mas sempre presente, estabelece a separação da parte ribatejana, de terrenos mais baixos, na linha onde o Secundário se diferencia do Terciário e Quaternário, pela cadeia de Montejunto e Candeeiros. Salvo a sul, onde aparecem alguns estratos de basalto e de granito, a região assenta, na sua quase totalidade, em formações secundárias de Argilo-calcários e argilo-arenosos. O clima é temperado, sem grandes amplitudes térmicas, situando-se a queda pluviométrica anual entre os 600-700 mm.

O Vinho Regional Estremadura alcança, hoje em dia, uma quota de mercado significativa a nível nacional. De destacar também a produção de Vinho Leve, com características bastante próprias, que o tornam muito apreciado, o Vinho Licoroso com a indicação geográfica Estremadura, de grande tradição, e ainda o vinho tinto palhete produzido na região de Ourém, com a designação complementar "Palhete de Ourém". Dentro da sua área geográfica está reconhecida a sub-região "Alta Estremadura".

Portaria n.º 351/93, de 24 de Março, Portaria n.º 244/2000, de 3 de Maio, Portaria n.º 394/2001, de 16 de Abril, Portaria n.º 1450/2001, de 22 de Dezembro, e Portaria Nº 1066/2003, de 26 de Setembro.

Área Geográfica

Abrange o distrito de Lisboa (com excepção do concelho de Azambuja); os concelhos de Peniche, Óbidos, Bombarral, Caldas da Rainha, Alcobaça, Porto de Mós, Nazaré, Batalha, Marinha Grande, Leiria e Pombal, (com excepção das freguesias de Abiul, Vila Chã, Redinha e Pelariga) do distrito de Leiria, e o concelho de Ourém do distrito de Santarém.

Sub-Região Alta Estremadura

Os concelhos de Leiria, Marinha Grande, Ourém, Nazaré, Porto de Mós, Batalha, Alcobaça, Caldas da Rainha (freguesias de Carvalhal Benfeito, Salir de Matos e Santa Catarina) e o concelho de Pombal, (à excepção das freguesias de Abiul, Vila Chã Redinha e Pelariga) do distrito de Leiria.

Tipos de vinho Título Alcoométrico Volúmico Mínimo (%Vol.)
Branco 10 Adquiridos
Tinto 10 Adquiridos
Rosado 10 Adquiridos
Licoroso 15 Adquiridos
"Palhete de Ourém" 9 Adquiridos
"Vinho Leve" 9 Adquiridos
(2) 7,5% nos concelhos de Bombarral, Lourinhã, Mafra e Torres Vedras (com excepção das freguesias de Carvoeira e Dois Portos que é de 10%).

CASTAS RECOMENDADAS

Brancas: Alicante Branco, Almafra, Alvarinho, Antão Vaz, Arinto (Pedernã), Bical, Boal Branco, Boal Espinho, Cerceal Branco, Chardonnay, Diagalves, Fernão Pires (Maria Gomes), Galego Dourado, Gewürztraminer, Jampal, Malvasia, Malvasia Rei, Moscatel Graúdo, Rabo de Ovelha, Riesling, Sauvignon, Seara Nova, Sercial (Esgana Cão), Síria (Roupeiro), Tália, Tamarez, Trincadeira Branca, Trincadeira das Pratas, Viognier, Viosinho e Vital.

Tintas: Alfrocheiro, Alicante Bouschet, Amostrinha, Aragonêz (Tinta Roriz), Baga, Bastardo, Bonvedro, Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Caladoc, Camarate, Carignan, Castelão (Periquita), Cinsaut, Grand Noir, Grenache, Grossa, Jaen, Merlot, Moreto, Negra Mole, Parreira Matias, Petit Verdot, Pinot Noir, Preto Martinho, Ramisco, Rufete, Syrah, Tinta Barroca, Tinta Caiada, Tinta Carvalha, Tinta Miúda, Tintinha, Tinto Cão, Touriga Franca, Touriga Nacional e Trincadeira (Tinta Amarela).

Sub-Região Alta Estremadura

Brancas: Alicante Branco, Almafra, Arinto (Pedernã), Bical, Boal Branco, Boal Espinho, Cerceal Branco, Chardonnay, Diagalves, Fernão Pires (Maria Gomes), Gewürztraminer, Jampal, Malvasia, Malvasia Rei, Rabo de Ovelha, Ratinho, Riesling, Sercial (Esgana Cão), Tália, Tamarez, Trincadeira Branca, Trincadeira das Pratas, Viosinho e Vital.

Tintas: Alfrocheiro, Alicante Bouschet, Amostrinha, Aragonêz (Tinta Roriz), Baga, Bastardo, Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Caladoc, Camarate, Carignan, Castelão (Periquita), Cinsaut, Grand Noir, Grenache, Grossa, Jaen, Merlot, Moreto, Negra Mole, Pinot Noir, Rufete, Syrah, Tinta Carvalha, Tinta Miúda, Tintinha, Tinto Cão, Touriga Franca, Touriga Nacional e Trincadeira (Tinta Amarela).

Prova Organoléptica

Desde há muitos anos que a Estremadura produziu muito vinho, mas de pouca qualidade, visto a proximidade de Lisboa e o enorme mercado de vinho que a capital clamava há séculos, fazia com que, no passado, toda a região da Estremadura estivesse vocacionada para abastecer as tabernas lisboetas e as naus que deixavam a barra do rio Tejo; até finais do século XVIII e até de certa maneira aos meados do século XIX e que os vinhos da moda eram os brancos sem esquecer que esta região era das mais prestigiadas na produção deste vinho. O que hoje em dia, não corresponde a verdade! Porque todo o trabalho, realizado por muita gente anónima e não tão anónima, assim como toda a reconversão da vinha nesta região, com um grande leque de excelentes castas adaptadas a região e sem esquecer a utilização da tecnologia mais avançada em toda a sua vinificação e educação produz vinhos de categoria que merecem sem qualquer favor figurar entre os melhores do país.

A Cor

Sempre que é utilizada a casta Arinto normalmente apresenta uma cor citrina brilhante em vinho fermentado em cubas inox com controlo de temperatura. No caso dos vinhos fermentados em madeira de carvalho, a cor dourada que apresenta por vezes pode ser muito mais carregada. Os tintos mantêm a sua magnífica cor púrpura nos primeiros anos, com impressionantes tons, simultaneamente escuros e brilhantes. Esta ambiguidade entre as sombras e a luz caracteriza os de maior prestígio. Os mais simples oferecem um tom rubi, que evolui para notas carmim. Sem esquecer os de mais alta qualidade que apresentam tonalidades rubi com reflexos violeta quando jovens, mas a sua tendência na maturidade é a cor granada.

Os Aromas

Os vinhos da casta Arinto têm sempre uma importante componente vegetal no aroma, lembrando espargos frescos e outros vegetais verdes; este aroma combina-se com graciosos aromas citrinos e algumas notas tropicais. Em termos genéricos estes aromas tem uma personalidade fresca e muito viva, que estimula o palato. Quanto aos vinhos tintos na sua primeira juventude lembram a violeta, a amora, a groselha preta, cereja preta, juntamente com notas de madeira (baunilha, fumados) marcam a paleta aromática. Em evolução, exibem um complexo caleidoscópio aromático, desenvolvendo as notas maduras da fruta vermelha, especiarias, baunilha, madeira torrada, tudo com grande concentração e riqueza.

O Sabor

A vivacidade e a frescura não se perdem na boca. O Arinto é uma casta com uma acidez natural elevada que lhe confere uma fruta com as características já apontadas. Têm algum corpo sem perderem o carácter ligeiro, fragrante e sedutor que se pede a um branco jovem. Quanto aos vinhos tintos são, desde os ligeiramente encorpados a carnosos e compactos, com taninos ásperos, mas firmes e simultaneamente sedosos. Apresentam uma potência e uma riqueza na boca dominada pelo fruto.

A certificação do Vinho Regional Estremadura é feita pela Comissão Vitivinícola Regional da Estremadura.

ALCOBAÇA

"O nome desta vila é incontestavelmente árabe, composto do artigo al e de cobaxa (carneiros), isto é al-cobaxa, os carneiros. Diz-se que lhe deram este nome em razão dos muitos outeiros que a cercam que, pela sua pequenez, têm uma tal ou qual semelhança com carneiros".

Pinho Leal

Concelho do distrito de Leiria, localizado na Estremadura, entre a serra de Candeeiros e a costa oceânica, Alcobaça possui uma diversidade de paisagem em que a serra, o monte, o vale, a planície e o mar estão presentes. A sua fama deve-se sobretudo ao mosteiro ou Real Abadia de Santa Maria de Alcobaça. A agricultura e a indústria são, a par do comércio, as principais actividades económicas do município. Em relação à indústria, predomina a faiança, a porcelana, o cristal, os moldes para plásticos, o calçado, a cutelaria e a marroquinaria. Na agricultura, o destaque vai para a fruticultura, a vitivinicultura (tem região demarcada de vinho) e a pecuária.

Além dos diversos achados arqueológicos, que se encontram espalhados por todo o município, a toponímia dá a entender que a região teve, além dos romanos, uma larga permanência de povos muçulmanos. Do primeiro período, freguesias como Alfeizerão, Évora de Alcobaça e Turquel conheceram o domínio romano. Em Turquel, há vestígios cerâmicos, silex polidos e machados neolíticos.

Alcobaça recebeu, desde cedo, uma especial atenção dos primeiros reis portugueses. A prová-lo está o Mosteiro Cisterciense de Santa Maria. Uma abadia que, durante o seu apogeu, era considerada uma das mais ricas e esplendorosas de toda a Europa. Nela estão os túmulos de D. Pedro e D. Inês de Castro, jóias da escultura portuguesa do século XIV O mosteiro terá sido fundado por D. Afonso Henriques, em 1178, por voto feito aquando da conquista de Santarém aos mouros. Foi classificado pela UNESCO, em 1989, Património Mundial.

Durante séculos, a economia de Alcobaça residiu sobretudo na fertilidade da terra. Os monges desenvolveram uma acção colonizadora e puseram em prática inovações agrícolas, criando uma região agrícola que perdurou até aos nossos dias.

O século XVIII fica marcado pela presença do Marquês de Pombal que, acudindo à calamidade provocada pelo terramoto de 1755 e pela inundação que se seguiu, impulsionou novamente o concelho.

Com as invasões francesas, no início do século XIX, o concelho foi destruído e a abadia pilhada. Pouco depois, o triunfo do liberalismo conduziu novamente à pilhagem do mosteiro e ao dilapidar do seu património histórico.

A gastronomia do concelho é famosa, com os típicos doces conventuais e os bons vinhos. Aliás, o Museu Nacional do Vinho está instalado em Alcobaça. Em termos de lazer, a região tem uma oferta variada, que vai das Termas da Piedade, a três quilómetros da sede do concelho, às praias de São Martinho do Porto e de Paredes da Vitória.

Sintra é uma vila portuguesa no Distrito de Lisboa, região de Lisboa e sub-região da Grande Lisboa, com cerca de 9 300 habitantes. É sede de um município com 316,06 km2 de área e aproximadamente 500 000 habitantes (2006), subdividido em 20 freguesias. O município é limitado a norte pelo município de Mafra, a leste por Loures e Odivelas, a sueste pela Amadora, a sul por Oeiras e Cascais e a oeste tem litoral no oceano Atlântico.

A origem de Sintra dilui-se com a da própria Nação. A serra e a planície foram habitadas desde tempos remotos, como atestam a existência de dólmens e necrópoles e ainda outras relíquias como os utensílios pré-históricos em exposição no Museu Municipal.

Da ocupação romana, restam lápides e urnas funerárias, junto do mausoléu circular, no Museu Arqueológico de Odrinhas. Os romanos chamavam à serra de Sintra "Mons Lunae" ou Montanhas da Lua.

Foi conquistada por D. Afonso Henriques aos Mouros em 1147, logo após a tomada de Lisboa; recebeu foral desse mesmo rei em 9 de Janeiro de 1154.

Apesar de manter ainda hoje o estatuto de Vila, o concelho possui várias outras freguesias com esse status (Algueirão-Mem Martins, Belas, Colares, Pêro Pinheiro e Rio de Mouro), e ainda duas cidades: Agualva-Cacém e Queluz.

A Vila de Sintra em pormenor

A vila de Sintra é uma das mais conhecidas de Portugal, seja dentro ou fora do País. A elevação desta localidade e as terras circundantes a Património Mundial pela UNESCO, em 1995, não foi mais do que um reconhecimento da sua beleza e do seu valor histórico e cultural. Perder-se nas estreitas ruas de Sintra velha, vigiadas pelo castelo dos Mouros, pode ser o equivalente a viver um livro ou percorrer uma tela dos paisagistas românticos, entre o verde dos bosques, o azul do mar e o nevoeiro que se esconde aqui e ali. À sua volta descobrimos templos e palácios que parecem um sonho.

Quem se dedicar a conhecer Sintra rapidamente verifica que a vila é, antes de mais, uma interligação de diversos núcleos. O centro histórico alargou-se para São Pedro de Penaferrim, ou de Sintra, criando-se depois, com o advento do caminho-de-ferro, a zona da Estefânia e da Portela.

Sintra teve um influxo mágico sobre todos os povos que habitaram a serra desde a antiguidade.

Os celtas chamavam-na Cyntia «lua», denominação que cativou também iberos, romanos e mouros, sendo com estes últimos que conhece a sua primeira grande época de esplendor. A história da vila está ligada à serra homónima e ao castelo dos Mouros, erguido de forma quase inacessível num dos pontos mais altos. No entanto, esta fortificação de construção muçulmana, nunca assistiu a nenhuma batalha. Quando Lisboa caiu às mãos de D. Afonso Henriques, Sintra rendeu-se sem luta.

Logo em 1154 o monarca concede Carta de Foral à vila, para assegurar o seu povoamento e defesa, com o auxílio dos míticos Templários. Com o avanço do reino português na reconquista, o castelo vai perdendo a sua importância, fazendo com que a população se estabelecesse fora dos muros, mais abaixo, onde fica aquela que é considerada a «Sintra Velha», ou zona histórica. A fortificação foi-se degradando, até que no século XIX, D. Fernando II, apaixonado por esta região, a manda reconstruir, ao tempo que manda edificar o Palácio da Pena. Da construção inicial do castelo dos Mouros restam hoje as muralhas e pouco mais.

O primeiro ponto a reter numa visita a Sintra é o Palácio Nacional de Sintra, onde outrora os reis e a corte portuguesa se reuniam, buscando o descanso, a frescura dos seus bosques, a magia dos seus ares ou simplesmente fugir da peste. Isto explica a abundância de igrejas, quintas senhoriais e palácios que existe em Sintra. Dentre todos eles, destaca-se na paisagem urbana, com as suas imponentes chaminés, o Palácio Nacional. Este albergou personalidades desde D. João I e D. Manuel, até ao azarado D. João VI, que aqui ficou prisioneiro até à morte, após ter sido dado como incapaz de governar.

O passeio segue pelo Beco da Judiaria, pelo Paço dos Ribafria, com as suas janelas manuelinas, e pela Torre do Relógio. Esta terá sido construída no século XVI, tendo ficado, tal como muitos outros edifícios, danificada com o terramoto de 1755. Com a restauração da época do Marquês de Pombal, a Torre servia para laicizar o Tempo, bem como para chamar a população em períodos de emergência. Um outro exemplo de destruição pelo terramoto é a Igreja de S. Martinho, a igreja paroquial de Sintra. Concebida no século XIII, ficou como modelo da arquitectura religiosa do século XVIII, pois se perderam com o cataclismo as suas influências românicas e góticas.

No centro de S. Pedro de Sintra, perto da igreja de S. Pedro de Penaferrim, o padroeiro da vila, está a Capela de S. Lázaro, o maior vestígio da antiga gafaria (hospital de leprosos) que existia onde hoje é o largo de D. Fernando II. Aqui é onde se realiza a feira de S. Pedro, famosa pela diversidade de produtos, do mobiliário à roupa. Esta feira realiza-se desde tempos remotos, tendo sido regulamentada por D. Maria I. Actualmente, realiza-se aos segundos e quartos domingos de cada mês.

Diz-se que foi na zona de influência de S. Pedro que se desenvolveram as tão típicas queijadas de Sintra, das quais se tem registo desde o século XIII. Os Concertos de Sintra, no Verão, iniciados pela Marquesa de Cadaval nos anos 60, são outro momento excepcional para visitar Sintra.

A não perder, os Museus de Ferreira de Castro e de Arte Moderna.

LISBOA

Lisboa é simultaneamente a capital e a maior cidade de Portugal, situada no estuário do rio Tejo. Além de capital do país, é também capital do distrito de Lisboa, da região de Lisboa, da Área Metropolitana de Lisboa, e é ainda o principal centro da sub-região estatística da Grande Lisboa. A região de Lisboa é a mais rica de Portugal com um PIB per capita superior à média da União Europeia. A cidade tem cerca de 529.485 habitantes (2004), mas a sua área metropolitana tem cerca de 3 milhões.

O limite da cidade, que corresponde ao concelho, possui 83,84 km² de área. A densidade demográfica é de 6 518,1 hab./km². O concelho subdivide-se em 53 freguesias e está limitado a norte pelos municípios de Odivelas e Loures, a oeste por Oeiras, a noroeste pela Amadora e a leste e sul pelo estuário do Tejo. Através do estuário, Lisboa liga-se aos concelhos da Margem Sul: Almada, Seixal, Barreiro, Moita, Montijo e Alcochete. Eclesiasticamente é sede do Patriarcado de Lisboa.

Diz a lenda popular e romântica que a cidade de Lisboa foi fundada pelo herói grego Ulisses e que tal como Roma o seu povoado original foi rodeado por sete colinas. Recentemente foram feitas descobertas arqueológicas perto do Castelo de São Jorge e da Sé de Lisboa que comprovam que a cidade terá sido fundada pelos Fenícios cerca de 1200 a.C.. Nessa época os Fenícios viajavam até às Ilhas Scilly e à Cornualha, na Grã-Bretanha, para comprar estanho. Foi fundada uma colónia, chamada Alis Ubbo, que significa "enseada amena" em fenício, provavelmente afilhada à grande cidade de Tiro, hoje no Líbano. Essa colónia estendia-se na colina onde hoje estão o Castelo e a Sé, até ao rio, que chamavam Daghi ou Taghi, significando "boa pescaria" em fenício. Com o desenvolvimento de Cartago, também ela uma colónia fenícia, o controlo de Alis Ubba passou para essa cidade.

Com a chegada dos Celtas, estes misturaram-se com os Iberos locais, dando origem às tribos de língua celta da região, os Conni e os Cempsii.

Os Gregos antigos tiveram provavelmente na foz do Tejo um posto de comércio durante algum tempo, mas os seus conflitos com os Cartagineses por todo o Mediterrâneo levaram sem dúvida ao seu abandono devido ao maior poderio de Cartago na região nessa época.

Após a conquista a Cartago do oriente peninsular, os Romanos iniciam as guerras de pacificação do Ocidente. A cerca 205 a.C., Olissipo alia-se aos Romanos, lutando os seus habitantes ao lado das legiões. É absorvida no Império e recompensada pela atribuição da Cidadania Romana aos seus habitantes, um privilégio raríssimo na altura para os povos não italianos. Felicitas Julia, como a cidade viria a ser reconhecida, beneficia do estatuto de Municipium, juntamente com os territórios em redor, até uma distância de 50 quilómetros, e não pagava impostos a Roma, ao contrário de quase todos os outros castros e povoados autóctones, conquistados. Foi incluída com larga autonomia na província da Lusitânia, cuja capital era Emeritas Augusta, a actual Mérida (na Estremadura Espanhola).

No tempo dos Romanos, a cidade era famosa pelo garum, um molho de luxo feito à base de peixe, exportado em ânforas para Roma e para todo o Império, assim como algum vinho, sal e cavalos da região.

No fim do domínio romano, Olissipo seria um dos primeiros núcleos a acolher o cristianismo. O primeiro bispo da cidade foi São Gens. Sofreu invasões bárbaras dos Alanos, Vândalos e depois fez parte do Reino dos Suevos antes de ser tomada pelos Visigodos de Toledo que a chamaram de Ulishbona.

Lisboa foi então tomada no ano 719 pelos Mouros provenientes do norte de África. Em árabe chamavam-lhe al-Lixbûnâ. Construiu-se neste período a cerca moura. Só mais de 400 anos depois os cristãos a reconquistariam graças ao primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques e ao seu exército de cruzados, em 1147. O primeiro rei português concedeu-lhe foral em 1179. A cidade tornou-se capital do Reino em 1255 devido à sua localização estratégica. A seguir à reconquista, foi instituída a diocese de Lisboa que, no século XIV, seria elevada a metrópole (Arquidiocese).

Nos últimos séculos da Idade Média a cidade expandiu-se e tornou-se um importante porto com comércio estabelecido com o Norte da Europa e com as cidades costeiras do Mar Mediterrâneo. O Rei D. Dinis mandou estabelecer a primeira universidade de Portugal em Lisboa. A cidade dispunha já de grandes edifícios religiosos e conventuais.

D. Fernando I, "o Formoso", construiu a famosa muralha fernandina, já que a cidade crescia para fora das muralhas. Começando pelo lado dos bairros mais pobres e acabando nos bairros da burguesia, a maior parte do dinheiro que foi utilizado veio desta última. Esta estratégia mostrou-se conveniente, já que de outra forma a burguesia deixaria de financiar a obra.

De Lisboa partiram numerosas expedições na época dos descobrimentos (séculos XV a XVII), como a de Vasco da Gama em 1497. A cidade reforça a sua condição de grande porto e centro mercantil da Europa.

Na época da expansão as casas de Lisboa tinham de três a cinco andares, sendo no primeiro andar uma loja e nos últimos as instalações dos comerciantes. Nesta época havia uma mistura de raças em Lisboa como não se via noutro ponto da Europa. Num livro sobre D. Manuel I, "o Venturoso", aparece uma imagem que representa a vida quotidiana nesta época: a uma mesa está sentada uma família, dois filhos e um casal, sentada em bancos de três pernas. A decoração da sala é simples, tem um pequeno armário de parede com janelinhas de vidro onde estão guardadas as louças de prata da família e pouco mais. A um canto vê-se uma cortina de seda, presa por aros de ouro, entreaberta. Do lado de lá da cortina parece existir uma cozinha ou adega, onde estão dois serviçais negros. Para além dos escravos, Lisboa era muito frequentada por uma grande quantidade de comerciantes estrangeiros.

É em Lisboa que se dá a principal revolta que causou a restauração da Independência, em 1640.

No início do século XVIII, já no reinado de D. João V, a cidade foi dotada de uma grande obra pública, extraordinária para a época: o Aqueduto das Águas Livres. A cidade foi quase na totalidade destruída em 1 de Novembro de 1755 por um grande terramoto, e reconstruída segundo os planos traçados pelo Marquês de Pombal (daí a parte central designar-se por Baixa Pombalina). A quadrícula adoptada nos planos de reconstrução permite desenhar as praças do Rossio e Terreiro do Paço, esta com uma belíssima arcada e aberta ao Tejo. Ainda no século XVIII e a instâncias de D. João V, o Papa concedeu ao arcebispo da cidade o título honorífico de Patriarca e a nomeação automática como Cardeal (daí o título de "Cardeal Patriarca de Lisboa").

Nos primeiros anos do século XIX, Portugal foi invadido pelas tropas de Napoleão Bonaparte, obrigando o rei D. João VI a retirar-se temporariamente para o Brasil. A cidade ressentiu-se e muitos bens foram saqueados pelos invasores. A cidade viveu intensamente as lutas liberais e iniciou-se uma época de florescimento dos cafés e teatros. Mais tarde, em 1879, foi aberta a Avenida da Liberdade que iniciou a expansão citadina para além da Baixa.

Lisboa tornou-se o palco principal de mais revoltas ou revoluções: a implantação da república em 1910, e a Revolução dos Cravos que, em 1974, pôs fim ao regime totalitário que vigorava desde 1928.

Na estrutura demográfica, as mulheres representam mais de metade da população (54%) e os homens 46%.

Monumentos

Como monumentos e tópicos de interesse turístico destacam-se, na Lisboa medieval:

Castelo de São Jorge, na colina mais alta do centro da cidade.

Bairro de Alfama, de estreitas vielas e que sobreviveu ao terramoto de 1755.

Sé de Lisboa.

Convento do Carmo.

Da cidade da época dos Descobrimentos podemos ver hoje na zona de Belém, duas construções classificadas pela UNESCO como Património da Humanidade:

Mosteiro dos Jerónimos, mandado construir pelo Rei D. Manuel I.

Torre de Belém, construção militar de vigia na barra do Tejo.

Do início do século XVIII o monumento mais significativo é o Aqueduto das Águas Livres. Após o terramoto de 1755, no plano em grelha aprovado pelo Marquês de Pombal (Baixa Pombalina) para a zona central da cidade, construíram-se as praças do Comércio (o Terreiro do Paço), junto ao Tejo, e do Rossio. Nas proximidades e com interesse histórico ou artístico são ainda a e o Elevador de Santa Justa, projectado em finais do século XIX por Mesnier du Ponsard, suposta mas erradamente um discípulo de Eiffel.

De referir ainda os palácios reais das Necessidades e da Ajuda, na parte Oeste da cidade.

Em finais do século XIX os planos urbanísticos permitiram estender a cidade além da Baixa para o vale da actual Avenida da Liberdade. Em 1934 é construída a Praça do Marquês de Pombal, remate superior da avenida. No século XX sobressaem os extensos planos urbanísticos das Avenidas Novas, da envolvente da Universidade de Lisboa (Cidade Universitária), e da zona dos Olivais, e os mais recentes do Parque das Nações e da Alta de Lisboa. Os edifícios do fim do século XX mais notáveis em termos de arquitectura, incluem, entre outros, as Torres das Amoreiras (1985, do arquitecto Tomás Taveira que também foi o autor do polémico Bairro do Condado na antiga Zona J), o Centro Cultural de Belém (inaugurado em 1991), a Estação do Oriente (de Santiago Calatrava), a Torre Vasco da Gama e o Oceanário de Lisboa (de Peter Chermayeff), todos de 1998.

Gastronomia

A gastronomia de Lisboa é influenciada pela proximidade do mar. São especialidades tipicamente lisboetas a açorda de marisco, as pataniscas de bacalhau, os peixinhos da horta (bolinhos fritos de feijão verde, não de peixe), iscas com elas, pipis, amêijoas à Bulhão Pato, dourada assada à lisboeta, bacalhau cru desfiado, meia desfeita, salada de sardinha em azeite à lisboeta, linguado frito à lisboeta, filetes fritos de polvo fresco à moda de Lisboa, bife com ovo a cavalo, bife à cortador, bife à café, bife na frigideira, bife à Marrare, Salmonetes à moda de Lisboa, perdiz a moda do convento de Alcântara, bacalhau à Brás, santola recheada fria, fava rica (sopa), sopa de entulho, pudim flan e, na doçaria, os famosos pastéis de Belém que são famosos no país inteiro e internacionalmente e conhecidos como pasteis de nata, arroz doce saloio, sonhos à antiga.

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