Noções sobre a vinha e o vinho em Portugal

de Ceferino Carrera


Enxertia


É a operação que tem por fim fixar uma porção de uma planta sobre outra, soldando-se em seguida os tecidos das camadas postas em contacto passando a constituir uma só planta.

A porção de vegetal que se adapta a outra ou que há de alimentá-lo, tem a designação de enxerto e pode ser ou um fragmento de ramo (garfo) ou um fragmento de casca, contendo um olho (borbulha). Contudo, é quase exclusivamente de garfo a enxertia usada para a videira.

A planta ou porção desta que com as suas raízes há-de sustentar o enxerto tem a denominação de cavalo ou porta-enxerto.

Quando se faz uma enxertia fica-se com um complexo constituído por um hipobionte (parte que fica debaixo da terra) e um epibionte (parte que fica acima da terra). Os porta-enxertos que têm boa afinidade são os que suportam bem o garfo e fazem uma boa união cavalo-garfo, de tal modo que a circulação da seiva bruta e da seiva elaborada se faz perfeitamente.

Época de enxertia

A temperatura mais conveniente é a que anda por volta de 20º a 25º C. É a esta temperatura que há uma grande actividade celular e, tanto o garfo como o cavalo produzem tecidos cicatrizais em abundância e a soldadura torna-se bastante fácil.

Há que ter em conta à humidade, pois que não pode haver lavagem das anxinas (produto cicatrizante) que se formam na zona das feridas.

Assim a época mais conveniente para a enxertia, é variável de acordo com a região onde se realiza.

Nas Beiras, Trás-os-Montes e Minho o mês de Março é o mais conveniente para esta operação. Na região do Sul (Alentejo Litoral, Algarve) as cepas entram mais cedo em actividade, pelo menor rigor do Inverno e a enxertia pode ser levada a cabo a partir dos meados de Janeiro. No mês de Fevereiro pode iniciar-se no Ribatejo Litoral e nos fins do mesmo mês nas zonas interiores do Alentejo, Ribatejo e Beira Litoral.

A videira pode ser enxertada em todas as idades, pegando com relativa facilidade, como se verificava antes do emprego dos cavalos americanos em que velhas cepas sofriam esta operação correntemente. O certo é que, enquanto os porta-enxertos são de pouca idade, a soldadura com o garfo faz-se com maior facilidade, dando um menor número de folhas.

Tipos de enxertia

Enxertia de fenda cheia

Decota-se o cavalo à altura que se pretenda enxerta-lo, cortando-o horizontalmente; depois de bem alisado o corte, faz-se uma fenda não muito funda, longitudinalmente, a meio da secção onde se introduz o garfo, em cunha, logo abaixo de um olho, de forma que fique liso para que haja uma ligação perfeita entre o tecido cambial do garfo e do cavalo. Aperta-se seguidamente com ráfia ou plástico.

Enxertia de fenda simples

Pratica-se em cavalos que sendo de fraco diâmetro são contudo bastante mais grossos do que o garfo.

Faz-se uma meia fenda aberta até meio diâmetro, onde se introduz o garfo que é cortado não em cunha mas com uma secção quase triangular para poder adaptar-se ao formato da fenda praticada no cavalo.

O garfo fica, por consequência, a um dos lados da secção do cavalo ficando este com uma porção de tecidos postos a descoberto. É preferível quando o cavalo tenha secção que permita a aplicação de dois ou mais garfos em volta da secção do tronco, porque isso permite que dê mais rapidamente a cicatrização que reveste a ferida, protegendo-a contra a acção dos agentes exteriores e de decomposição.

Enxertia de fenda inglesa

Esta enxertia só é utilmente aplicável quando o cavalo e o garfo tenham o mesmo diâmetro.

Desde que esta enxertia seja bem feita, sendo iguais os diâmetros do cavalo e do garfo, a soldadura é muito facilitada e não deixa qualquer parte da secção exposta a dessecação.

Para se proceder a esta enxertia faz-se tanto no cavalo como no garfo, um corte em bisel, com igual inclinação. No garfo deve atender-se a que a extremidade do seu bisel deve ficar voltada para o olho situado na base. Em seguida, tanto no cavalo como no garfo, faz-se um pouco além do meio do bisel, uma fenda longitudinal, de 5mm. De profundidade, que permite encaixarem-se um pouco um no outro e acertar perfeitamente os bordos das duas secções desde que estas e as fendas tenham sido bem feitas e os diâmetros sejam iguais.

  • A) Exemplo de enxertia de borbulha e de encosto
  • B) Exemplo de enxertia de fenda inglesa
  • C) Exemplo de enxertias de fenda cheia

Enxertia de borbulha e a de encosto

São raramente utilizadas em viticultura, tendo a primeira frequentemente a aplicação em árvores frutíferas e a segunda só, em casos raros, como na substituição de folhas em videiras submetidas a formas regulares.

Os principais e mais adoptados destes tipos de enxertia são a fenda inglesa e a fenda cheia.

A fenda inglesa é a que dá mais perfeitas soldaduras mas por outro lado exige operadores mais aptos e conscienciosos.

É pois por fenda cheia que se fazem quase todas as grandes enxertias em Portugal.

A videira
A poda

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