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Vinhos Regionais - Vinho Regional Açores

Retalhos históricos desta Região

As Ilhas da Bruma do Atlântico Português

O arquipélago dos Açores, formado por nove ilhas e alguns ilhéus inabitados, as Formigas, está situado no Atlântico Norte, a «meio caminho» entre a velha Europa e o Novo Mundo. E é esta localização a característica determinante da sua história.

E hoje geralmente aceite que o conhecimento do Arquipélago dos Açores, realizado por via acidental ou voluntária, remonta pelo menos ao século XIV. Em alguns primitivos trabalhos de cartografia dessa época aparecem já várias ilhas a norte da Madeira, mesmo que não situadas nem representadas de maneira correcta.

A data exacta do seu descobrimento permanece desconhecida. Este facto pode dever-se principalmente a duas circunstâncias. Uma delas assenta na dificuldade de situar com certeza no mapa as ilhas que se descobriam, devido aos métodos rudimentares da arte náutica e da cartografia. As condições atmosféricas peculiares na área das nove ilhas, protegidas pelas brumas à volta, dificultaram durante largo tempo o seu reencontro, até à estabilização das rotas marítimas. Como podemos ler nas «Alegações» do Bispo de Burgos, em 1435, personagem de grande aceitação na corte de D. Duarte, «... esta ilha que, segundo se diz, está na linha ocidental na direcção de Lisboa, não é habitada e raramente a podem encontrar os navegantes».

O outro motivo reside na política de segredo em relação aos Descobrimentos praticada pela Coroa portuguesa desde os tempos de D. João I. O descobrimento do Mar dos Sargaços e dos Açores pode ter sido silenciado durante décadas, e os poucos mapas que lhes fazem menção adulterados propositadamente para defender a vantagem ganha na corrida para a Antilia e as Índias Orientais.

A data do descobrimento oficial ficou, no entanto, datada em 1427, segundo o mapa de Andréa Bianco (1436). Os primeiros navegadores portugueses que as exploraram conseguiam ver desde as suas caravelas as águias de asa redonda sobrevoando as ilhas e, confundindo estas aves com açores, baptizaram assim as ilhas no seu conjunto. O seu povoamento foi matéria prioritária para o Infante D. Henrique, e levou-se a cabo principalmente com gentes dos campos do Interior de Portugal.

Mas foi depois das descobertas do século XVI e o estabelecimento das rotas transcontinentais que os Açores cobraram um papel de destaque, fazendo de vínculo entre as rotas do Índico, América, África e Europa. Além desta importante e continuada condição, muitos outros momentos decisivos da história de Portugal desenvolveram-se nas ilhas, como a resistência a Filipe II de Espanha e a ascensão do constitucionalismo no século XIX.

Actualmente, a Região Autónoma dos Açores conta com órgãos de governo próprios, tal como estabelecido na Constituição. Apesar da presença do mar, a actividade das populações é predominantemente rural, sendo o turismo ama actividade que, nas últimas décadas, tem assumido um papel de relevo.

A cultura da vinha nas Ilhas Terceira, Pico e Graciosa, que fazem parte do Arquipélago dos Açores, remontam à época do seu povoamento em meados do Século XV, pensando-se terem sido os frades franciscanos os responsáveis pela introdução do plantio da vinha nas referidas Ilhas.

De acordo com alguns autores, desde muito cedo estes religiosos constataram semelhanças entre as condições edafo-climáticas da Sicília e as de algumas Ilhas deste Arquipélago, ao trazerem de Itália a variedade então mais conhecida – o Verdelho (antigo Verdecchio) – que se expandiu rapidamente.

Os vinhos então produzidos tornaram-se famosos. Em 1917 foram encontradas garrafas de Vinho do Pico armazenadas nas caves dos antigos czares da Rússia.

Com vista à defesa da qualidade destes vinhos, foram reconhecidas em 1994, através de Diploma Legal, as Indicações de Proveniência Regulamentada (IPR) "Pico", "Biscoitos" e "Graciosa".

Reconhecida a tipicidade própria para a produção de vinhos de qualidade, associada a uma evolução tecnológica verificada nos últimos anos, foi estabelecida a designação "Vinho Regional" seguida da Indicação Geográfica Açores para os vinhos de mesa tinto e branco, produzidos em todo o Arquipélago, de acordo com as condições fixadas na Portaria Nº 853/2004, publicada em 19 de Julho.

Decreto-Lei N.º 853/2004, de 19 de Julho.

Retalhos históricos desta Região

A área geográfica correspondente ao Vinho Regional Açores abrange todas as Ilhas do Arquipélago.

CASTAS RECOMENDADAS

Brancas:Arinto (Pedernã), Bical, Chardonnay, Fernão Pires (Maria Gomes), Galego Dourado, Generosa, Gouveio, Malvasia, Malvasia Fina, Moscatel Graúdo, Riesling, Rio Grande, Seara Nova, Sercial (Esgana Cão), Tália, Terrantez, Verdelho, Viosinho.

Tintas: Alfrocheiro, Alicante Bouschet, Aragonêz (Tinta Roriz), Baga, Bastardo, Cabernet Sauvignon, Caladoc, Castelão, Cinsaut, Grand Noir, Grenache, Merlot, Monvedro, Moreto, Moscatel Galego Tinto, Negra Mole, Pau Ferro, Petit Verdot, Pexem, Pinot Noir, Syrah, Tinta Barroca, Tinta Caiada, Tinta Carvalha, Tinto Cão, Touriga Franca, Touriga Nacional e Trincadeira (Tinta Amarela).

CARACTERÍSTICAS ORGANOLÉPTICAS

Vinhos Brancas: De aspecto límpido, de cor desde o citrino ao palha, delicados, suaves; estes vinhos têm baixa acidez e são razoavelmente alcoólicos.

Vinhos Tintas: Agronómica, Aragonêz (Tinta Roriz), Cabernet-Franc, Cabernet Sauvignon, Castelão (Periquita), Complexa, Merlot, Pinot Noir, Rufete, Saborinho, Tinta Barroca, Touriga Franca, Touriga Nacional, Vinhão e Gewürztraminer.