A quebra de produção de vinho na Região Demarcada do Douro ronda 10% na vindima de 2014, um ano atípico e instável em termos climáticos, segundo o balanço da Associação para o Desenvolvimento da Viticultura Duriense (ADVID).
No balanço do ano vitícola 2014, divulgado nesta sexta-feira, a ADVID, com sede no Peso da Régua, referiu que esta vindima se caracterizou por uma "grande heterogeneidade de situações" relativamente à quantidade de uvas recolhidas, quer seja entre sub-regiões quer entre cotas, "fruto do impacto das condições climáticas no vingamento e do impacto de doenças e pragas".
Associação destacou a ocorrência de elevados valores de precipitação, em especial nos meses de janeiro, fevereiro, julho e setembro, e a grande instabilidade climática verificada no período de verão.
De acordo com a organização, este ano espera-se "uma quebra de produção na ordem dos 10%", um valor que se situa dentro do intervalo indicado pela ADVID na previsão efetuada em julho, de uma colheita entre as 221 e as 235 mil pipas de vinho. Segundo acrescentou ainda, em comunicado, o ano vitícola de 2013-2014 caracterizou-se por ser um ano atípico em termos climáticos.
A associação destacou a ocorrência de elevados valores de precipitação, em especial nos meses de janeiro, fevereiro, julho e setembro, e a grande instabilidade climática verificada no período de verão, com a ocorrência de trovoadas durante os meses de junho e julho. Apesar de a evolução da temperatura não ter tido um comportamento constante ao longo do tempo, a ADVID destacou o mês de janeiro, que foi mais quente e o de agosto que foi mais fresco.
"Precipitação registada a partir de meados de setembro acabou por provocar uma diminuição do teor de álcool provável e por condicionar a recolha das uvas."
Disse ainda que as condições climáticas verificadas ao longo da primavera e do verão terão estado na origem de uma maior pressão de doenças criptogâmicas da videira (míldio, oídio e podridão), em especial na sub-região do Baixo Corgo, e de traça da uva em especial no Cima Corgo. Estas situações obrigaram à realização de um maior número de intervenções fitossanitárias na vinha.
Como consequência da evolução das condições climáticas, os controlos de maturação da uva efetuados até início de setembro indicavam um avanço de cerca de duas semanas na fenologia da videira, com as uvas a apresentarem bons níveis de açúcar, acidez e compostos fenólicos, o que levou a que a vindima se iniciasse, na sua maioria, a partir da primeira semana de setembro.
Contudo, segundo a ADVID, a "precipitação registada a partir de meados de setembro acabou por provocar uma diminuição do teor de álcool provável e por condicionar a recolha das uvas, prolongando-se a vindima até início de outubro". A ADVID é uma associação privada, sem fins lucrativos, criada pelas principais empresas de vinho do Porto com o objetivo de contribuir para a modernização da viticultura do Douro e melhoria da qualidade dos vinhos.
2014.10.25
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