In addition to wine

José Relvas - O Vitivinicultor

1858 - 1929

Herdeiro de uma vasta e opulenta casa agrícola, José de Mascarenhas Relvas nutriu, desde a juventude, grande interesse pela vitivinicultura. Podemos mesmo asseverar que, juntamente com a motivação para a arte e a causa pública, esta terá sido uma das suas actividades mais dilectas, desenvolvida com o afinco e a argúcia que caracterizaram todos os empreendimentos a que se entregou. Uma célebre caricatura da autoria de Malhoa alude precisamente à paixão com que rodeou tudo o que dizia respeito à exploração do vinho.
Tendo fixado a residência na Quinta dos Patudos ainda na década de 1880, José Relvas reorganizou, a partir de Alpiarça, os diferentes sectores da actividade agrícola e industrial que seu pai, em desespero de causa, lhe confiara. A situação não era fácil, pois a irregular administração de Carlos Relvas conduzira a casa a um crónico deficit que punha em causa a sobrevivência, face aos credores, das propriedades mais importantes. Pouco a pouco, José Relvas foi liquidando os débitos e equilibrando as despesas e as receitas. A sua visão de lavrador esclarecido cedo lhe mostrou que a cultura extensiva da vinha deveria constituir, agora mais do que nunca, o principal esteio da empresa familiar, mas que importava complementá-la com a cuidadosa selecção das castas e a melhoria das condições de vinificação e armazenagem, sem descurar o calcanhar de Aquiles dos lavradores do Ribatejo: uma exploração comercial mais moderna, organizada de harmonia com as necessidades de um mercado em franca expansão.
Familiarizado com os avanços da lavoura europeia e americana, introduziu na Quinta dos Patudos novas técnicas agrícolas, não descurando o bem-estar e a protecção social das muitas dezenas de trabalhadores a seu cargo. Preocupou-se também com a produção de vinhos de qualidade padronizada, de modo a fidelizar uma clientela sempre volúvel. Ao mesmo tempo, dedicou-se ao fomento do associativismo agrário, ante-câmara da futura actividade política. Mas o seu rasgo de génio consistiu na capacidade de, através da Adega Regional do Ribatejo, idealizar um sistema eficiente para o abastecimento directo de Lisboa com os néctares de Alpiarça, dispensando todo uma gama de intermediários que crucificavam, com comissões excessivas, os proprietários ribatejanos.
Esta inovação veio a revelar-se tão ajustada que, nos derradeiros anos do regime monárquico, a produção da Quinta dos Patudos e suas anexas aumentou enormemente e passou a ter os excedentes dirigidos para os mercados africano e brasileiro, de onde chegavam divisas fortes. Foi graças à noção empresarial do negócio do vinho em larga escala, defendida com energia por José Relvas e outros grandes lavradores de Alpiarça, Almeirim e Chamusca junto dos poderes centrais, em nome da lavoura ribatejana, que Portugal incrementou de modo substancial as suas exportações. Foram também os proventos obtidos com a moderna vitivinicultura que permitiram, em grande parte, a construção do solar dos Patudos e a aquisição da sua magnífica (e de certo modo única) colecção de obras de arte.
José António Falcão,
Director da Casa-Museu dos Patudos


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